O Mundo, a
Carne e o Diabo
Tim
Challies (traduzido com pequenas adaptações por Kenneth Eagleton)
17/01/2014
Ao caminharmos por esta vida, enfrentamos inimigos
poderosos. No segundo capítulo de Efésios, Paulo descreve o passado pré-cristão
das pessoas naquela igreja. Ao fazê-lo, diz que três poderosas forças estavam
alinhadas contra eles: o mundo, a carne e o diabo.
Estas pessoas tinham uma forte inclinação para
o mal que provinha de seu interior mais profundo (“os desejos carnais”),
enfrentavam um adversário poderoso fora de si mesmos (“o príncipe do poderio do
ar”) e ao mesmo tempo todo o seu ambiente lhes fazia oposição (“este mundo”).
Estavam fora de comunhão com Deus e, portanto, eram “filhos da ira”.
Ele vos deu vida, estando vós mortos
nas vossas transgressões e pecados, nos quais andastes no passado, no caminho
deste mundo, segundo o príncipe do poderio do ar, do espírito que agora age nos
filhos da desobediência, entre os quais todos nós também antes andávamos,
seguindo os desejos carnais, fazendo a vontade da carne e da mente; e éramos
por natureza filhos da ira, assim como os demais. (Ef. 2:1-3 –
Almeida Sec. 21)
Há algum tempo, especialmente depois de ter
lido o livro de Thomas Brooks (Precious
Remedies Against Satan’s Devices), tenho pensado em como estas forças estavam (e de certa forma ainda
estão) em oposição a mim. Apesar de pela fé em Jesus Cristo eu ter sido liberto
do domínio destas forças, ainda não
fui totalmente e finalmente liberto de suas influências.
Cada uma delas continua a sua oposição a mim e às vezes (frequentemente) cedo
às tentações, escolhendo o pecado em vez da santidade. Não é atoa que o Livro de Oração Comum da Igreja
Anglicana guia os cristãos nesta oração: “Senhor Bondoso, livrai-nos de todo
engano do mundo, da carne e do diabo”.
Eu tenho uma teoria sobre estas três
influências e a maneira com que diferentes cristãos as entendem. Existem muitas
tribos teológicas dentro do cristianismo e creio que cada uma tem um equilíbrio
imperfeito em seu entendimento da maneira em que estas forças agem contra nós.
Deixe-me dar apenas três exemplos. Cada exemplo é obviamente imperfeito, mas
creio que existe um fio de verdade de cada um.
Os fundamentalistas tendem a ter suspeitas profundas
com relação ao mundo – um mundo cheio de pecado e ferrenhamente em oposição a
Deus e a seus propósitos. Na minha experiência, os fundamentalistas são rápidos
em culpar o mundo pelo pecado e pela tentação ao pecado. Portanto, batalham
duramente contra o mundanismo e olham para os prazeres mundanos e o
entretenimento com uma desconfiança profunda e duradoura. Se os fundamentalistas
estiverem fora de equilíbrio, seria com relação à ênfase na má influência do
mundo e uma diminuição da influência da carne e do diabo.
Os pentecostais tendem a culpar o diabo e as forças
demoníacas pelo pecado e a tentação. Frequentemente têm um sentido aguçado da
atividade e influência demoníaca. Quando enfrentam a tentação de pecar ou
quando sentem ou descobrem oposição, rapidamente veem a influência de Satanás e
buscam maneiras de resistirem a este tipo de poder. Se estiverem fora de
equilíbrio, seria com relação à ênfase na má influência do diabo e suas forças
e uma diminuição da influência do mundo e da carne.
Os calvinistas têm um sentido aguçado de sua
própria depravação. Afinal, o calvinismo começa com o T da TULIPA – depravação TOTAL.
Creem que a humanidade está totalmente depravada, sendo que o pecado penetra
tudo em todo lugar. Na sua graça, Deus nos restringe de sermos tão pecadores
quanto seria possível, mas ainda somos extremamente pecaminosos: coração, mente,
vontade, desejo, inclinação – tudo está marcado pela Queda. Quando se considera
os inimigos da alma, a tendência é se concentrar na carne, presumindo que a
tentação surge mais de dentro de nós do que de fora. Se estiverem fora de
equilíbrio, seria com relação à ênfase à carne e uma diminuição da influência
do mundo e do diabo.
Estou convencido de que todos nós temos que
entender que o mal assume várias formas, que surge de dentro e de fora e que
enfrentamos inimigos físicos e espirituais. Enfatizar um em detrimento dos
outros é baixar a nossa guarda. Talvez a melhor resposta não fosse diminuir a
nossa ênfase, mas aumentar as outras. Quando entendemos a vasta gama de forças
que estão em oposição a nós, entendemos melhor o poder de Cristo ao conquista-las,
nos armamos melhor para resisti-las e aumenta a nossa antecipação pelo retorno
de Cristo quando estas influências serão final e completamente aniquiladas.