domingo, 19 de janeiro de 2014

O Mundo, a Carne e o Diabo

O Mundo, a Carne e o Diabo
Tim Challies (traduzido com pequenas adaptações por Kenneth Eagleton)
17/01/2014

Ao caminharmos por esta vida, enfrentamos inimigos poderosos. No segundo capítulo de Efésios, Paulo descreve o passado pré-cristão das pessoas naquela igreja. Ao fazê-lo, diz que três poderosas forças estavam alinhadas contra eles: o mundo, a carne e o diabo.

Estas pessoas tinham uma forte inclinação para o mal que provinha de seu interior mais profundo (“os desejos carnais”), enfrentavam um adversário poderoso fora de si mesmos (“o príncipe do poderio do ar”) e ao mesmo tempo todo o seu ambiente lhes fazia oposição (“este mundo”). Estavam fora de comunhão com Deus e, portanto, eram “filhos da ira”.

Ele vos deu vida, estando vós mortos nas vossas transgressões e pecados, nos quais andastes no passado, no caminho deste mundo, segundo o príncipe do poderio do ar, do espírito que agora age nos filhos da desobediência, entre os quais todos nós também antes andávamos, seguindo os desejos carnais, fazendo a vontade da carne e da mente; e éramos por natureza filhos da ira, assim como os demais. (Ef. 2:1-3 – Almeida Sec. 21)
Há algum tempo, especialmente depois de ter lido o livro de Thomas Brooks (Precious Remedies Against Satan’s Devices), tenho pensado em como estas forças estavam (e de certa forma ainda estão) em oposição a mim. Apesar de pela fé em Jesus Cristo eu ter sido liberto do domínio destas forças, ainda não fui totalmente e finalmente liberto de suas influências. Cada uma delas continua a sua oposição a mim e às vezes (frequentemente) cedo às tentações, escolhendo o pecado em vez da santidade. Não é atoa que o Livro de Oração Comum da Igreja Anglicana guia os cristãos nesta oração: “Senhor Bondoso, livrai-nos de todo engano do mundo, da carne e do diabo”.

Eu tenho uma teoria sobre estas três influências e a maneira com que diferentes cristãos as entendem. Existem muitas tribos teológicas dentro do cristianismo e creio que cada uma tem um equilíbrio imperfeito em seu entendimento da maneira em que estas forças agem contra nós. Deixe-me dar apenas três exemplos. Cada exemplo é obviamente imperfeito, mas creio que existe um fio de verdade de cada um.

Os fundamentalistas tendem a ter suspeitas profundas com relação ao mundo – um mundo cheio de pecado e ferrenhamente em oposição a Deus e a seus propósitos. Na minha experiência, os fundamentalistas são rápidos em culpar o mundo pelo pecado e pela tentação ao pecado. Portanto, batalham duramente contra o mundanismo e olham para os prazeres mundanos e o entretenimento com uma desconfiança profunda e duradoura. Se os fundamentalistas estiverem fora de equilíbrio, seria com relação à ênfase na má influência do mundo e uma diminuição da influência da carne e do diabo.

Os pentecostais tendem a culpar o diabo e as forças demoníacas pelo pecado e a tentação. Frequentemente têm um sentido aguçado da atividade e influência demoníaca. Quando enfrentam a tentação de pecar ou quando sentem ou descobrem oposição, rapidamente veem a influência de Satanás e buscam maneiras de resistirem a este tipo de poder. Se estiverem fora de equilíbrio, seria com relação à ênfase na má influência do diabo e suas forças e uma diminuição da influência do mundo e da carne.

Os calvinistas têm um sentido aguçado de sua própria depravação. Afinal, o calvinismo começa com o T da TULIPA – depravação TOTAL. Creem que a humanidade está totalmente depravada, sendo que o pecado penetra tudo em todo lugar. Na sua graça, Deus nos restringe de sermos tão pecadores quanto seria possível, mas ainda somos extremamente pecaminosos: coração, mente, vontade, desejo, inclinação – tudo está marcado pela Queda. Quando se considera os inimigos da alma, a tendência é se concentrar na carne, presumindo que a tentação surge mais de dentro de nós do que de fora. Se estiverem fora de equilíbrio, seria com relação à ênfase à carne e uma diminuição da influência do mundo e do diabo.

Estou convencido de que todos nós temos que entender que o mal assume várias formas, que surge de dentro e de fora e que enfrentamos inimigos físicos e espirituais. Enfatizar um em detrimento dos outros é baixar a nossa guarda. Talvez a melhor resposta não fosse diminuir a nossa ênfase, mas aumentar as outras. Quando entendemos a vasta gama de forças que estão em oposição a nós, entendemos melhor o poder de Cristo ao conquista-las, nos armamos melhor para resisti-las e aumenta a nossa antecipação pelo retorno de Cristo quando estas influências serão final e completamente aniquiladas.

http://www.challies.com/articles/a-calvinist-and-a-fundamentalist-walk-into-a-bar#keep-reading