Terminei de ler 2 Reis hoje e mais uma vez me
impressionei com a história do Povo de Deus desta época. É uma época muito
atribulada dos últimos séculos antes da queda e destruição de Jerusalém pelos
babilônios. O livro já começa depois da divisão de Israel em duas nações: a
parte maior continuou usando o nome Israel e foi derrotada pelos assírios e a
parte menor, que foi chamada de Judá, pois ficou principalmente com a tribo de
Judá, da linhagem do Rei Davi.
É um período em que Judá começou a imitar a
idolatria de Israel. Durante este período de cerca de 300 anos, Judá teve 15
reis, 9 dos quais foram considerados pela Bíblia como maus e 6 como bons. Este
juízo de maus e bons era com relação à inclinação espiritual deles, se eram
obedientes a Deus ou idólatras e injustos.
O sétimo rei deste período de 2 Reis foi Acaz
(cap. 16), considerado mau, após uma sucessão de 4 reis bons. Acaz sacrificou
aos ídolos em altares que erigiu nas colinas, em baixo de árvores frondosas e
até em um altar idólatra colocado dentro do pátio do Templo, réplica exata do
que tinha visto em Damasco. Ele retirou o altar que Deus tinha instruído que
construíssem para introduzir este altar idólatra. Sua idolatria chegou ao ponto
de oferecer seu próprio filho em sacrifício ao deus Moloque.
Após sua morte, seu filho Ezequias o sucedeu
como rei de Judá. Ele foi o oposto de seu pai. Foi considerado por Deus como
sendo bom. Desfez toda a idolatria que seu pai tinha construído, confiou em e
adorou a Deus. No seu leito de morte, orou a Deus pedindo socorro. Deus enviou
Isaías para avisá-lo que lhe iria curar e acrescentar 15 anos de vida em
resposta a sua oração. Que resposta tremenda à oração! No entanto, durante este
período nasceu Manassés, que seria o próximo rei de Judá.
Quando Ezequias morreu, Manassés assumiu o
trono com somente 12 anos de idade e reinou durante 55 anos (cap. 21). Ele foi
o pior rei que Judá teve. Além de fazer tudo que foi mencionado sobre Acaz
(incluindo o sacrifício de um filho), ele praticou a feitiçaria, o encantamento
e toda sorte de mau. Diz inclusive que ele derramou tanto sangue inocente que
encheu a cidade de uma ponta a outra (figurativamente, é claro). Diz que ele
induziu o povo ao erro, pois seguiram o seu exemplo. Cinquenta e cinco anos foi
o reino mais longo da história de Judá e foi com o rei mais perverso. Seu filho
Amom o sucedeu em um reinado que durou apenas dois anos e fez o mesmo que o
pai. O que se poderia esperar de seu filho, neto de Manassés, após 57 anos de
idolatria e injustiça?
Aí é que vem a surpresa. Josias assumiu o trono
com apenas oito anos de idade. Sua primeira ação registrada foi mandar reparar
o Templo, a casa de Deus. Durante a reforma, foi localizada ali uma cópia das
Escrituras, que nem os sacerdotes conheciam mais. O sumo sacerdote e seu
escrivão leram as Escrituras e ficaram impressionados. Levaram ao rei Josias
que ficou atônito. Rasgou sua roupa em símbolo de desespero e mandou localizar
um profeta de Deus para saber o que deveriam fazer.
O rei Josias levou o povo a renovar a aliança
entre a nação e Deus. Em seguida mandou fazer uma limpeza no Templo, tirando
todos os ídolos e seus altares, destituiu os sacerdotes idólatras e expulsou os
prostitutos cultuais que viviam e “trabalhavam” no Templo (isto mesmo, a
prostituição fazia parte do culto idólatra). Além de fazer uma limpeza no
Templo, ele saiu pelo país destruindo altares e ídolos e matando os sacerdotes
destes ritos. Após limpar o país, instituiu novamente a celebração da Páscoa,
que não tinha sido celebrada desde a época dos juízes (antes da monarquia). Ele
eliminou do país os adivinhos, feiticeiros e a idolatria doméstica. Em 23:25
lemos: “Antes de Josias não houve rei
semelhante a ele, que se convertesse ao Senhor de todo o coração, de toda a
alma e de todas as forças, conforme toda a lei de Moisés; e nunca se levantou
outro semelhante depois dele”. Verdade, pois depois dele só tiveram mais
quatro reis, todos maus e todos vassalos do rei da Babilônia, que finalmente
mandou destruir e queimar o Templo e a cidade de Jerusalém.
Impressionante: o melhor rei de Judá (Josias) sucedeu
o pior (Manassés). Quando Josias apareceu em cena, a coisa estava feia. Uma
idolatria endêmica a diversos deuses, levando as pessoas até ao sacrifício
humano, misturado com feitiçaria e uma injustiça social generalizada. Como é que
uma pessoa que nasce em uma família política devassa, idólatra, cruel, injusta
e que nem conhecia as Escrituras pudesse buscar a Deus com tanta sinceridade e
devoção?
Tiro algumas lições
deste livro:
1. O exemplo espiritual de nossos
governantes tem grande influência sobre a espiritualidade do povo. Bons exemplos espirituais levam
muitos a se voltarem a Deus. Maus exemplos fazem o contrário.
2. A oscilação espiritual de uma nação, com grandes altos e baixos, eventualmente
leva o povo à ruína.
3. Como exemplifica o caso de Josias, nossas
circunstâncias não têm que determinar o nosso comportamento. É possível
escolhermos fazer o que é certo, buscar a Deus e servi-lo.
4. Cuidado com o que pede a Deus. Ezequiel, um bom rei, pediu cura e
maior tempo de vida. Deus o concedeu. Porém durante este tempo nasceu o que
seria o pior rei de Judá. Não temos sempre a noção exata do que é bom para nós
e para nossa família. É por isso que é importante confiar em Deus e deixar a
nossa petição nas mãos dele, somente para ser respondida se for de acordo com a
sua vontade perfeita.
Estive a ver e ler algumas coisas, não li muito, porque espero voltar mais algumas vezes,mas deu para ver a sua dedicação e sempre a prendemos ao ler blogs como o seu. Se me der a honra de visitar e ler algumas coisas no Peregrino e servo ficarei radiante, e se desejar deixe um comentário. Abraço fraterno.António.
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