domingo, 18 de maio de 2014

Unção de Enfermos

Em visita a qualquer livraria evangélica, provavelmente se encontrará uma prateleira ou vitrine com uma variedade de óleos a venda. Muitos pastores usam estes óleos (ou então óleo de cozinha ou azeite) para derramar na testa ou na cabeça das pessoas enfermas ou dos que estão buscando uma bênção, juntamente com a oração. Esta prática é necessária? É bíblica?

No Antigo Testamente, principalmente no Pentateuco, após a saída do povo de Israel do Egito, Deus ordenou a Moisés que os levitas preparassem um óleo de unção (Ex 30:22-28) que seria usado para ocasiões e propósitos especiais. Era um azeite especialmente preparado misturando-se especiarias que seria usado na consagração de sacerdotes, objetos do tabernáculo, profetas e reis.

Além deste uso especial, nas culturas dos tempos bíblicos o óleo (ou azeite) tinha diversos fins: Alimentação (1 Rs 17:12). Este um uso ainda é o mais comum nos dias de hoje.

Cosmético (Sl 104:15). Usava-se o azeite para passar no corpo para proteger contra a pele seca. Não havia Óleo Johnson na época. Em Ez 16:8-10 Deus usa uma metáfora de um recém-nascido abandonado para falar de Israel, onde depois de encontrar o bebê, a pele do seu corpo recebeu uma aplicação de azeite. Quando misturado com especiarias, era usado como se usa uma colônia ou perfume (Am 6:6). Ester usou esta mistura durante seis meses para se preparar para encontrar o rei (Et 2:12).

Recepção de hóspedes (Sl 23:5; Lc 7:46). Ungir a pessoa com um azeite aromático era uma forma honrosa de se receber hóspedes. Muitos versículos falam do “óleo sobre a cabeça” como sendo uma coisa boa, agradável (Sl 133:1-2; 141:5; Pv 27:9; Ec 9:8; etc.).

Iluminação (Mt 25:1-8). Como não havia luz elétrica naquela época, usavam-se lâmpadas (lamparinas) a óleo.

Ferimentos (Is 1:6; Lc 10:34 – história do Bom Samaritano). Como naquela época ainda não havia medicamentos fabricados cientificamente, usava-se medicamentos caseiros, entre eles o azeite misturado com ervas.

No Novo Testamento temos duas instâncias onde o óleo é usado em conjunto com oração, trazendo cura. O primeiro encontra-se em Mc 6:13 onde os discípulos, enviados em missão por Jesus, pregaram arrependimento, expulsaram muitos demônios, ungiram os doentes com óleo e os curaram. O segundo encontra-se em Tg 5:14-15: “Está doente algum de vós? Chame os anciãos da igreja, e estes orem sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor; e a oração da fé salvará o doente e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados”. Repare que é a oração com fé que é responsável pela cura. Devemos sempre lembrar que a fonte da cura é divina. No texto de Tiago vemos que duas coisas são utilizadas na cura: unção com óleo e oração. O óleo não tem poder milagroso em si. Ele simplesmente representa o tratamento físico: óleo nos dias bíblicos, tratamentos medicamentosos e cirúrgicos nos dias de hoje.

O que podemos concluir quanto ao uso da unção com óleo para cura nos dias de hoje? Primeiro, não é errado usá-lo, contanto que não seja visto como óleo milagroso e se torne instrumento de idolatria, como aconteceu com a serpente de bronze que foi usado no deserto para curar os israelitas das picadas de serpente. Infelizmente, hoje tem muita gente pondo sua fé no óleo em vez de Deus e muita gente usando ou vendendo óleo bento como se o óleo em si fosse abençoado ou tivesse propriedades milagrosas. 

Acho que a visão mais correta, no entanto, é entender a unção com óleo como símbolo do tratamento médico-cirúrgico, sendo então o uso da medicina associado à oração da fé. Deus pode curar com o sem as terapias humanas, mas a nossa dependência para a cura tem que estar sempre baseada nele.

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