Em visita a
qualquer livraria evangélica, provavelmente se encontrará uma prateleira ou
vitrine com uma variedade de óleos a venda. Muitos pastores usam estes óleos
(ou então óleo de cozinha ou azeite) para derramar na testa ou na cabeça das
pessoas enfermas ou dos que estão buscando uma bênção, juntamente com a oração.
Esta prática é necessária? É bíblica?
No Antigo
Testamente, principalmente no Pentateuco, após a saída do povo de Israel do
Egito, Deus ordenou a Moisés que os levitas preparassem um óleo de unção (Ex
30:22-28) que seria usado para ocasiões e propósitos especiais. Era um azeite especialmente
preparado misturando-se especiarias que seria usado na consagração de
sacerdotes, objetos do tabernáculo, profetas e reis.
Além deste
uso especial, nas culturas dos tempos bíblicos o óleo (ou azeite) tinha
diversos fins: Alimentação (1 Rs 17:12). Este um uso ainda é o mais
comum nos dias de hoje.
Cosmético (Sl 104:15). Usava-se o azeite para
passar no corpo para proteger contra a pele seca. Não havia Óleo Johnson na
época. Em Ez 16:8-10 Deus usa uma metáfora de um recém-nascido abandonado para
falar de Israel, onde depois de encontrar o bebê, a pele do seu corpo recebeu
uma aplicação de azeite. Quando misturado com especiarias, era usado como se
usa uma colônia ou perfume (Am 6:6). Ester usou esta mistura durante seis meses
para se preparar para encontrar o rei (Et 2:12).
Recepção
de hóspedes (Sl
23:5; Lc 7:46). Ungir a pessoa com um azeite aromático era uma forma honrosa de
se receber hóspedes. Muitos versículos falam do “óleo sobre a cabeça” como
sendo uma coisa boa, agradável (Sl 133:1-2; 141:5; Pv 27:9; Ec 9:8; etc.).
Iluminação (Mt 25:1-8). Como não havia luz
elétrica naquela época, usavam-se lâmpadas (lamparinas) a óleo.
Ferimentos (Is 1:6; Lc 10:34 – história do Bom
Samaritano). Como naquela época ainda não havia medicamentos fabricados
cientificamente, usava-se medicamentos caseiros, entre eles o azeite misturado
com ervas.
No Novo
Testamento temos duas instâncias onde o óleo é usado em conjunto com oração,
trazendo cura. O primeiro encontra-se em Mc 6:13 onde os discípulos, enviados em
missão por Jesus, pregaram arrependimento, expulsaram muitos demônios, ungiram
os doentes com óleo e os curaram. O segundo encontra-se em Tg 5:14-15: “Está doente algum de vós? Chame os anciãos
da igreja, e estes orem sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor; e a
oração da fé salvará o doente e o Senhor o levantará; e, se houver cometido
pecados, ser-lhe-ão perdoados”. Repare que é a oração com fé que é responsável
pela cura. Devemos sempre lembrar que a fonte da cura é divina. No texto de
Tiago vemos que duas coisas são utilizadas na cura: unção com óleo e oração. O
óleo não tem poder milagroso em si. Ele simplesmente representa o tratamento
físico: óleo nos dias bíblicos, tratamentos medicamentosos e cirúrgicos nos
dias de hoje.
O que
podemos concluir quanto ao uso da unção com óleo para cura nos dias de hoje? Primeiro,
não é errado usá-lo, contanto que não seja visto como óleo milagroso e se torne
instrumento de idolatria, como aconteceu com a serpente de bronze que foi usado
no deserto para curar os israelitas das picadas de serpente. Infelizmente, hoje
tem muita gente pondo sua fé no óleo em vez de Deus e muita gente usando ou vendendo óleo bento como se o óleo em si fosse abençoado ou tivesse propriedades milagrosas.
Acho que a visão mais
correta, no entanto, é entender a unção com óleo como símbolo do tratamento
médico-cirúrgico, sendo então o uso da medicina associado à oração da fé. Deus
pode curar com o sem as terapias humanas, mas a nossa dependência para a cura
tem que estar sempre baseada nele.
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